Educação Financeira e Previdenciária

Um momento de reflexão e aprendizado para você, que é participante do plano de benefícios e busca sua longevidade sustentável financeiramente.

Finanças sem conflitos

Como gerir o dinheiro da família com equilíbrio na pandemia

Mais de um ano após o inesperado impacto da pandemia em nosso cotidiano, há quem esteja razoavelmente adaptado ao trabalho remoto. Com espírito de desapego, o trabalhador foca a atenção nas vantagens alcançadas. Por exemplo, quando desfruta a liberdade de horários, desloca-se ao escritório em poucos passos, come comidinha caseira todos os dias e ganha tempo para a família.

Por outro lado, tanta gente ocupando o mesmo lugar no espaço às vezes cansa. Pais, filhos, pets e prestadores de serviços essenciais, como faxineira, encanador e instalador de banda larga. O estresse pode aumentar com a pressão de ficar 100% do tempo em casa, seguindo as recomendações dos doutores.

Nessa hora bate a saudade da pausa para o cafezinho, que são pequenos encontros para compartilhar democráticas piadas com colegas de trabalho. Tipo parem o mundo que eu quero descer um pouquinho, não é mesmo?

DIFERENÇAS – A sociedade está descobrindo que nosso novo normal pode provocar choques em família que desgastam o bem-estar físico e mental de adultos e crianças. “A pandemia colocou todos debaixo do mesmo teto e criou uma situação que aproxima a família, mas ao mesmo tempo acentua as diferenças de cada um”, afirma a psicóloga Valéria Meirelles, doutora em psicologia do dinheiro que atende indivíduos e casais que vivenciam conflitos financeiros. “A grande dificuldade é lidar com as diferenças.”

Quando a questão é dinheiro, a coisa pode complicar. Pesquisas realizadas antes da doença global já apontavam as finanças como um dos principais motivos para separação de casais. Nas atuais circunstâncias, o cenário pode ter piorado.

“Nós trouxemos a escola e a empresa para dentro de casa. Não nos preparamos em momento nenhum para este novo jeito de viver”, afirma o Ph.D em educação financeira Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin). “Também mudaram praticamente todos os hábitos de consumo, meus, de minha esposa e de meus filhos. Não temos mais o restaurante corporativo nem a cantina da escola. Passamos a receber tudo em casa.”

Mas os especialistas apontam que, ao menos na questão financeira, os conflitos podem ser minimizados, até chegarmos a uma situação de equilíbrio na família. A nova abordagem não é trivial, pois demanda sincero reconhecimento da realidade atual, disposição para mudança do casal e busca de engajamento dos filhos.

SUPERE O TABU – A primeira dificuldade a ser superada é o tabu do dinheiro. Conversar abertamente sobre as finanças não faz parte da cultura do brasileiro. Só que a falta de diálogo agrava esse problema e outros mais. “Dinheiro tem a ver com intimidade e confiança, reflete a relação do casal”, diz Valéria. “Às vezes um cônjuge nem sabe quanto o outro ganha, se ele recebeu um bônus ou não, por exemplo, e o ajuste conjugal é prejudicado.” Tente praticar o manejo compartilhado do orçamento, em que existam as finanças de cada um e as do casal, que incluem todos os projetos da família. Aceite que cada um tem seu jeito, mas que as diferenças devem ser postas na mesa com naturalidade.

ENTENDA SEU EU FINANCEIRO – Reflita sobre seu comportamento financeiro, se seu padrão é consumista ou está mais para sovina. Procure entender quais as emoções estão por trás de suas ações. Um exercício que pode ajudar é investigar sua genealogia financeira. Anote numa folha como lidavam com dinheiro os seus pais, avós, tios que foram referência na sua infância. Você pode estar repetindo o modelo de alguém, de outra época, sem saber. “Pode acontecer de você não suportar um comportamento do outro que remete à sua história, e não necessariamente ao modo de ser daquela pessoa”, diz Valéria.

RECONHEÇA A REALIDADE – Faça um bom diagnóstico de sua situação financeira. Por um tempo, dedique-se a anotar tudo o que entra e o que sai, e com qual finalidade. Essa anotação deve ser feita por tempo suficiente para você identificar padrões. Não precisa ficar escravo da planilha de gastos, basta um mês por ano, por exemplo. Esse é o ponto de partida para você descobrir desperdícios e eliminar excessos, com o objetivo de abrir espaço no orçamento para realizar sonhos. Assim você e a família poderão adotar seu real padrão de vida sustentável, em vez de outro que dependa de endividamento crescente.

ENGAJE OS FILHOS – Este é um processo de educação financeira, e os filhos devem ser incluídos, sim. Provoque uma conversa com a família, mas não espere atrair entusiasmo por um tema como “corte de despesas”. Em vez disso, proponha uma conversa sobre “sonhos”. Peça a todos anotarem seus sonhos, do tipo que o dinheiro pode comprar. Melhor ainda, três sonhos de cada: de curto, médio e longo prazo. Para adultos, até 1 ano, até 10 e mais de 10 anos. Para crianças, prazos de até seis meses, de seis meses a 1 ano e mais de 1 ano. Em seguida, peça para levantarem o valor de cada sonho. A partir daí, é possível introduzir na conversa o orçamento da família, calcular quanto precisaria ser economizado e incentivar o que mais seja necessário para deflagrar novos hábitos saudáveis financeiramente. “Os sonhos, os propósitos de vida, são o combustível para o engajamento da família, são a motivação para superar os obstáculos”, afirma Reinaldo Domingos.

RENOVE SEU ORÇAMENTO – A faxina financeira e novos hábitos de consumo da família devem ser consolidados no orçamento mensal. Duas observações são importantes nessa questão. Em primeiro lugar, depois de anotar os ganhos líquidos e alguns gastos essenciais como a prestação da casa própria, desconte os valores das economias necessárias à realização dos sonhos. Só então adeque os demais gastos ao restante do orçamento, propondo os cortes necessários. A cada mês de orçamento realizado, você estará alimentando o combustível para a mudança de padrão financeiro da família. Em segundo lugar, não deixe de incluir no orçamento a formação de sua reserva financeira. Em períodos de crise, quem tem reserva fica mais seguro para enfrentar eventual queda de renda familiar. A reserva também serve para bancar despesas inesperadas, como um bom presente de casamento ou um fim de semana de surpresa com seu amor. Mire como alvo juntar cerca de 12 meses de suas despesas em investimento líquido, disponível a qualquer momento. “A reserva financeira é um grande bem a ser protegido como garantia da sustentabilidade financeira”, diz Reinaldo.

POUPE E ENSINE A POUPAR – Você tem a oportunidade nesta pandemia de deixar como legado a seus filhos, familiares e outras pessoas queridas a grande lição de poupar no presente para realizar sonhos no futuro. Para quem não nasceu rico, é preciso esforço para alcançar os objetivos propostos. Fica mais fácil plantar o hábito da poupança especificando sonhos concretos, como os de curto, médio e longo prazo. A realização de sonhos de curto prazo é particularmente importante como prêmios periódicos que o poupador fez por merecer. Viver bem não pode ficar somente para o futuro. Neste ponto, a educação financeira deve dar mais um passo, na escolha dos investimentos mais adequados a cada objetivo. E, além dos objetivos concretos, o sonho da aposentadoria sustentável precisa ser disseminado. A população brasileira vive cada vez mais! Nesse objetivo, você conta com seu fundo de pensão, a Fundambras. Aqui seus depósitos recebem a contrapartida da empresa, e seu patrimônio é investido no mercado financeiro por gestores profissionais. Divulgue esta ideia!